Internacionalmente o ano de 1986 será dedicado à Paz do povos. Mas no Brasil, será também o "ano de Carlos Gomes", uma forma de homenagear a importância cultural e histórica da produção musical de Carlos Gomes, a grande projeção internacional alcançada por suas obras, o prestígio que seu nome trouxe para a cultura musical brasileira. As instituições oficiais de cultura, juntamente com os estabelecimentos de ensino, públicos e particulares, deverão, neste ano, dar ênfase à música brasileira em geral e às obras do compositor, em particular.
A cem anos atrás, entretanto, Guaratinguetá já homenageava o ilustre compositor, ainda em vida, fazendo-o patrono do teatro que se construía na cidade, por iniciativa particular de Francisco Baptista de França Rangel e Ignácio José Monteiro dos Santos.
Não era nessa data, entretanto, que se iniciava na cidade o gosto pelas artes cênicas. Jornais do século dezenove noticiavam seguidas apresentações teatrais, até com a presença de SS. AA. Imperiais, em visita a Guaratinguetá e Aparecida, como aconteceu em dezembro de 1868. Na mesma década, as atas da Câmara Municipal registram a atual rua Frei Lucas com a denominação de "Rua do Theatro".
Em 1877, a inauguração da estrada de ferro, ligando o Vale do Paraíba à corte do Rio de Janeiro e a São Paulo, facilitou a vinda de famosas companhias teatrais europeias e do Rio de Janeiro a Guaratinguetá, o que mostrou a necessidade da construção de uma casa de espetáculos, com recursos cênicos, requinte e comodidade para assistência, levando os guaratinguetaenses Francisco Baptista de França Rangel e Ignácio José Monteiro dos Santos à edificação do Theatro Carlos Gomes.
O terreno escolhido ficava no então Largo do Rocinha, depois Largo do Dr. Lycurgo de Castro Santos, Largo do Teatro E Praça Homero Ottoni, com fundos para a atual rua Dr. Gama Rodrigues, à margem do ribeirão de São Gonçalo. A planta ficou a cargo do engenheiro Dr. Justin Norbert, autor de inúmeras outras obras na cidade.
Foram levantados recursos e doações com particulares, e os coordenadores do projeto nele investiram seus próprios bens. Devido à grandiosidade da obra, entretanto, logo se esgotaram todos esses recursos sem que fosse possível finalizar o prédio, erguido com detalhes arquitetônicos que deveriam não só embelezá-lo como igualmente atender às necessidades de uma casa de espetáculos diversos.